quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

OMG OMG - PRIMEIRO CAPITULO DE SERPENT'S SHADOW

oooi meus amores , apos o impacto da notícia da Almofadinhas , eu fui pesquisar mais sobre o terceiro livro da Saga Crônicas do Kane, e eu achei o primeiro captulo em português , leiam e babem por mais abaixo:






AVISO

Esta é uma transcrição de uma gravação de áudio. Já recebi anteriormente duas dessas gravações que Carter e Sadie Kane me enviaram, que transcrevi como A Pirâmide Vermelha e O Trono de Fogo. Por mais que eu esteja honrado com a confiança dos Kane em mim, devo informá-los que o conteúdo deste terceiro é o mais preocupante dentre os três. A fita chegou à minha casa em uma caixa carbonizada perfurada com uma garra e marcas de dentes que o meu zoólogo local não conseguiu identificar. Se não fosse a proteção dos hieróglifos no exterior da caixa, eu duvido que a caixa teria sobrevivido a viagem. Continue lendo, e você vai entender o motivo.


(Sadie) Nós invadimos e estragamos uma Festa
Sadie Kane aqui.
Se você estiver ouvindo isso, parabéns! Você sobreviveu ao Apocalipse.
Eu gostaria de pedir desculpas de imediato por qualquer inconveniência que o fim do mundo possa ter causado.
Os terremotos, rebeliões, motins, tornados, inundações, tsunamis, e é claro, a cobra gigante que engoliu a maior parte do sol – temo que grande parte disso tenha sido nossa culpa. Carter e eu decidimos que deveríamos ao menos explicar como isso aconteceu.
Esta provavelmente será a nossa última gravação. No instante em que você escutar nossa história, a razão para isso será óbvia.
Nossos problemas começaram em Dallas, quando as ovelhas cuspidoras de fogo destruíram a exposição do Rei Tut.
Naquela noite no Texas, os magos realizavam uma festa no jardim de esculturas do outro lado da rua do Museu de Arte de Dallas. Os homens usavam smoking e botas de cowboy. As mulheres usavam vestidos de noite e penteados que lembravam explosões de doce fofinho.
[Carter diz que é chamado de algodão doce na América. Eu não me importo. Eu fui criada em Londres, assim você deve me acompanhar e aprender a maneira correta de dizer as coisas.]
A banda tocava música country clássica no pavilhão. Cordões de pontos de luzes brilhavam nas árvores. Os magos ocasionalmente saíam de portas secretas nas esculturas ou convocam faíscas de fogo para queimar mosquitos irritantes, tirando isso, parecia que era uma festa um tanto normal.
O líder do Quinquagésimo Primeiro Nomo, JD Grissom, estava conversando com seus convidados e apreciava um prato de tacos de carne, quando o puxamos para uma reunião de emergência. Eu me senti mal com isso, mas não havia muita escolha, considerando o perigo que ele corria.
“Um ataque?” Ele franziu o cenho. ”A exposição Tut já está aberta há um mês. Se Apófis fosse atacar, ele já não teria feito isso?”
JD era alto e forte, com um rosto duro e desgastado, ruivo com cabelo partido, e as mãos ásperas como casca. Ele parecia ter por volta de quarenta anos, mas é difícil dizer isso quando se trata dos magos. Ele poderia ter uns 400. Ele usava um terno preto com uma gravata de bolinhas e um grande cinto de fivela prata da Lone Star, como um marechal do Velho Oeste.
“Falamos sobre isso no caminho”, disse Carter. Ele começou a nos levar para o lado oposto do jardim.
Devo admitir que meu irmão agiu de maneira extremamente confiante.
Ele ainda era um idiota de marca maior, é claro. Seu cabelo de um forte castanho estava com um pedaço faltando no lado esquerdo, onde seu grifo lhe tinha dado uma “mordida de amor”, e você poderia dizer pelos cortes em seu rosto que ele não tinha dominado muito a arte de fazer a barba. Porém desde o seu décimo quinto aniversário que ele cresceu bastante e ganhou músculos depois de horas de treinamento de combate. Ele parecia equilibrado e maduro em suas roupas de linho preto, especialmente com aquela espada khopesh ao seu lado. Eu quase poderia imaginá-lo como um líder de homens sem rir histericamente.
[Por que você está me encarando, Carter? Isso foi uma descrição bastante generosa.]
Carter fez uma manobra estratégica em torno da mesa buffet, saindo com as mãos cheias de chips de tortillas.
“Apófis tem um padrão”, ele disse a JD. ”Todos os outros ataques aconteceram na noite da Lua Nova, quando a escuridão é maior. Acredite em mim quando digo que ele vai atacar o seu museu esta noite. E ele vai atacar com vontade.”
JD Grissom se espremeu entre de um grupo de magos bebendo champanhe.
“Esses outros ataques…”, disse. ”Você quer dizer os de Chicago e na Cidade do México?”
“E Toronto”, disse Carter. ”E… alguns outros.”
Eu sabia que ele não queria dizer mais. Os ataques que tínhamos testemunhado ao longo o verão nos deu muitos pesadelos.
Verdade seja dita, ainda não havia chegado o Armageddon completo. Fazia seis meses desde que a cobra do Caos, Apófis, escapara de sua prisão no Mundo Inferior, mas ele ainda não havia iniciado uma invasão em larga escala no mundo mortal, como esperávamos que acontecesse. Por alguma razão, a serpente estava administrando seu tempo, organizando ataques menores em nomos que pareciam seguros e felizes.
Como este, pensei.
Ao passarmos pelo pavilhão, a banda terminou sua canção. Uma mulher bonita e loira, com um violino acenou seu arco para JD.
“Vamos lá, querido!” Ela chamou. ”Nós precisamos de você na guitarra de aço!”
Ele forçou um sorriso. ”Em breve, querida. Eu já volto. ”
Seguimos nossa caminhada. JD dirigiu-se a nós. ”Minha esposa, Anne.”
“Ela também é uma maga?” Eu perguntei.
Ele confirmou com a cabeça, sua expressão se tornando mais fechada. ”Sobre estes ataques. Por que você está tão certo de que Apófis vai atacar AQUI? ”
A boca de Carter estava cheia de chips de tortilla, por isso sua resposta foi ”Mhm-hmm”.
“Ele está atrás de um certo artefato “, eu traduzi. ”Ele já destruiu cinco cópias do mesmo. A última existente cópia está na exposição de Tut ”.
“Qual artefato?” JD perguntou.
Hesitei. Antes de vir para Dallas, nós lançamos todos os tipos de magias de proteção e viemos carregados de amuletos de proteção para evitar a espionagem mágica, mas eu ainda estava nervosa de falar sobre nossos planos em voz alta.
“Melhor mostrarmos a você.” Eu desviei de um chafariz, onde dois jovens magos traçavam mensagens brilhantes de Eu te amo sobre as pedras da calçada com suas varinhas. “Nós trouxemos a nossa própria equipe de elite para ajudar. Eles estão esperando no museu. Se você nos deixar examinar o artefato, ou talvez leva-lo conosco para mantê-lo em segurança – ”
“Levar com VOCÊS?” JD fez uma careta. “A exposição é fortemente vigiada. Eu coloquei meus melhores magos para cercar o lugar dia e noite. Vocês acham que podem fazer melhor que isso na Casa do Brooklyn?”
Paramos na beira do jardim. Do outro lado da rua, uma bandeira do tamanho de dois andares do Rei Tut estava pendurada ao lado do museu.
Carter pegou seu celular. Ele mostrou para JD Grissom uma imagem  – uma mansão queimada que já fora a sede do Centésimo Nomo em Toronto.
“Tenho certeza que seus guardas são bons”, disse Carter. “Só que nós preferimos não fazer do seu nomo um alvo de Apófis. Em outros ataques semelhantes… servos da serpente não deixaram nenhum sobrevivente.”
JD olhou para a tela do celular, em seguida, olhou para sua esposa, Anne, estava abrindo passagem através de uma dança dois pra lá, dois pra cá.
“Tudo bem”, disse JD. “Espero que sua equipe seja de alto nível”.
“Eles são incríveis”, eu prometi. “Vamos, vamos apresentá-los a você.”
Nosso esquadrão de elite estava bastante ocupado, invadindo a loja de presentes.
Felix havia convocado três pinguins, que estavam andando em círculos, usando máscaras de papel do Rei Tut. Nosso amigo babuíno, Khufu, sentou em cima de uma estante e estava lendo A História dos Faraós, o que poderia impressionar bastante, se ele não tivesse segurando o livro de cabeça para baixo. Walt – oh, querido Walt, por quê? – abrira o armário de jóias e estava examinando pulseiras e colares, como se algumas pudessem ser mágicas. Alyssa levitava panelas de barro com sua magia Elemental, fazendo malabarismos com vinte ou trinta itens de uma vez, formando uma figura de um oito.
Carter limpou a garganta.
Walt congelou, com as mãos cheias de jóias de ouro. Khufu entrou embaixo da estante, derrubando a maior parte dos livros. As cerâmicas de Alyssa caíram no chão. Felix tentou espantar seus pinguins para a parte de trás da caixa. (Ele tem uma opinião bastante forte sobre a utilidade de pingüins. Eu temo que não consigo explicar esse raciocínio.)
JD Grissom tamborilou com os dedos na fivela do cinto Lone Star . “Esta é a sua equipe de elite?”
“Sim!” Eu tentei convencer com um sorriso sem graça. “Desculpe a bagunça. Vou apenas, um… ”
Eu puxei minha varinha do meu cinto e pronunciei uma palavra de poder: “Hi-nemh”.
Eu melhorei bastante nas magias desse tipo. Na maioria das vezes, eu conseguia canalizar o poder da minha deusa patrona sem desmaiar. E eu não explodi nenhuma vez.
O hieróglifo para Juntar brilhava brevemente no ar:
Pedaços quebrados de cerâmica voaram e se emendaram. Livros foram devolvidos
à prateleira. As máscaras do Rei Tut voaram dos pinguins, revelando que eles eram surpresa – pingüins.
Nossos amigos pareciam bastantes envergonhados.
“Desculpe”, Walt murmurou, colocando as jóias de volta. “Ficamos entediados.”
Eu não poderia ficar brava com Walt. Ele era alto e atlético, forte como um jogador de basquete, com calças de treino e camisetas sem mangas que exibia seus braços esculpidos.Sua pele era da cor de chocolate quente, com o rosto tão suntuoso e belo, como as estátuas dos seus antepassados faraó.
JD Grissom olhou para nossa equipe. “Prazer em conhecer todos vocês.” Ele conseguiu conter seu entusiasmo. “Venham comigo”.
O salão principal do museu era uma grande sala branca, com mesas enormes de café vazias, um palco e um teto alto o suficiente para se ter uma girafa de estimação. De um lado, escadas que levavam até uma sacada com um corredor de escritórios. Do outro lado, paredes de vidro permitiam que se admirasse o horizonte noturno de Dallas.
JD apontou para a sacada, onde dois homens com vestes de linho preto faziam a patrulha. “Você vê? Os guardas estão em toda parte.”
Os homens tinham seus cajados e varinhas preparadas. Eles olharam para nós, e eu pude perceber que seus olhos estavam brilhando. Hieróglifos foram pintados em suas maçãs do rosto, como pintura de guerra.
Alyssa sussurrou para mim: “O que aconteceu com os olhos deles?”
“Vigilância mágica,” eu supus, “Os símbolos permitem que os guardas vejam o Duar.”
Alyssa mordeu o lábio. Como a sua deusa patrona era a deusa Geb, ela gostava de coisas mais sólidas, como pedra e barro. Ela não gostava de altura ou águas profundas. E definitivamente, ela não gostava da idéia do Duat – a região mágica que coexistia com a nossa.
Uma vez, quando eu descrevi o Duat como um oceano embaixo de nossos pés, com infinitas camadas e camadas de dimensões mágicas uma embaixo da outra, eu achei que Alyssa ia ter um daqueles enjôos de mar.
Felix, de dez anos de idade, por outro lado, não tinha essas vertigens.
“Legal!” ele disse. “Eu quero olhos brilhantes.”
Ele usou o dedo para tracear pela sua bochecha, fazendo um borrão roxo brilhando no formato da Antártica.
Alyssa riu. “Você pode ver o Duat agora?”
“Não,” ele admitiu. “Mas eu consigo ver bem melhor meus pinguins.”
“Nós devemos nos apressar,” Carter nos lembrou. “Apófis normalmente ataca quando a lua está no topo de sua trajetória. Que é –”
“Agh!” Khufu levantou todos os seus dez dedos. Deixe para um babuíno ter ótimos sensos astrnômicos.
“Em dez minutos,” Eu disse. “Simplesmente brilhante.”
Nós nos aproximamos da entrada da exibição do Rei Tut, e não dava para errar por causa do símbolo dourado gigante que dizia EXIBIÇÃO DO REI TUT. Dois magos estavam de guarda, com leopardos adultos na coleira.
Carter olhou para JB admirado. “Como você conseguiu acesso complete ao museu?”
O texano encolheu os ombros. “Minha esposa, Anne, é presidente do conselho. Agora, que artefato vocês querem ver?”
“Eu estudei seus mapas em exibição,” Carter disse. “Vamos. Vou mostrar a vocês”.
Os leopardos pareciam bem interessados nos pingüins de Felix, mas os guardas os mantiveram afastados e nos deixaram passar.
Lá dentro a exibição era enorme, mas duvido que você se importa com os detalhes. Um labirinto de salas com sarcófagos, estátuas, mobília, punhados de jóias de ouro – blá, blá, blá. Eu teria passado batido por tudo isso. Já tinha visto coleções egípcias o suficiente para várias vidas, muito obrigada.
Além disso, para todo lugar que eu olhava, eu me lembrava de experiências ruins. Passamos cápsulas de figuras shabti, sem dúvida encantadas para ganharem vida quando chamados. Já matei minha cota dessas coisas. Passamos por estátuas de monstros brilhantes e deuses com quem eu já tinha lutado frente a frente – a abutre Nekhbet, que já tinha possuído minha avó (uma longa história); o crocodilo Sobek, que tentou matar minha gata (uma história maior ainda); e a deusa leoa Sekhmet, contra quem vencemos com molho de pimenta (nem pergunte).
E o mais triste de todos os itens: uma pequena estátua de alabastro de nosso amigo Bes, o deus anão. A escultura tinha éons de idade, mas reconheci seu nariz de barro, suas costeletas grossas, a barriga de cerveja, e o rosto adoravelmente feio que parecia ter sido repetidamente acertado por uma frigideira. Só tínhamos conhecido Bes por alguns dias, mas ele literalmente tinha sacrificado sua alma para nos ajudar. Agora, toda vez que eu o via, lembrava de uma dívida que nunca poderia pagar.
Devo ter ficado olhando para a estátua por mais tempo que percebi. O resto do grupo tinha me passado e estavam virando para dentro da próxima sala, quase vinte metros à frente, quando uma voz perto de mim disse “Psst!”
Eu olhei ao redor. Achei que a estátua de Bes tinha falado. Então a voz chamou de novo “Ei, boneca. Escute. Não há muito tempo.”
No meio da parede, ao nível dos meus olhos, estava o rosto de um homem escavado na textura branca, como se estivesse tentando fugir. Ele tinha um nariz pontudo, lábios cruelmente finos e uma testa grande. Mesmo ele sendo da mesma cor da parede, pareceria estar bem vivo. Seus olhos brancos e vazios tentavam transmitir um olhar de impaciência.
“Você não vai salvar o pergaminho, boneca,” ele avisou. “Mesmo se conseguisse, nunca o entenderia. Você precisa da minha ajuda.”
Eu já tinha presenciado muitas coisas estranhas desde que tinha começado a praticar magia, então não fiquei particularmente assustada. Mesmo assim, eu sabia que não devia confiar em uma velha aparição de massa corrida branca que falava comigo, especialmente uma que me chamava de boneca. Ele me lembrava um personagem daqueles filmes idiotas de Máfia que os garotos da casa no Brooklyn gostavam de assistir no tempo livre – deve ser o tio Vinnie de alguém.
“Quem é você?” Exigi.
O homem bufou.
“Como se você não soubesse. Como se houvesse alguém que não saiba. Você tem dois dias até eles me derrotarem. Se quer derrotar Apófis, é melhor puxar umas cordas e me tirar daqui.”
“Não tenho ideia do que está falando,” eu disse.
O homem não soava como Set, o deus demoníaco, ou a serpente Apófis, ou outros vilões que eu já tinha duelado antes, mas nunca se pode ter certeza. Havia essa coisa chamada magia, no fim das contas.
O homem projetou seu queixo. “Certo, entendi. Você quer uma amostra de confiança. Você nunca salvará o pergaminho, mas vá atrás da caixa dourada. Ela vai te dar uma pista do que precisa, se for esperta o bastante para entendê-la. Depois de amanhã no pôr-do-sol, boneca. Então minha oferta expira, porque é quando eu fico permanentemente…”
Ele engasgou. Seus olhos se esbugalharam. Ele ficou tenso, como se um laço estivesse apertando seu pescoço. Ele lentamente desapareceu da parede.
“Sadie?” Walt chamou do fim do corredor. “Tudo bem aí?”
Olhei para ele. “Você viu isso?”
“Vi o quê?” ele perguntou.
Claro que não, pensei. Que graça teria se outras pessoas vissem minha visão do tio Vinnie? Então não consegui evitar o pensamento de que estava ficando completamente maluca.
“Nada,” eu disse, e corri para alcançá-los.
A entrada para a próxima sala era guardada por duas esfinges gigantes de obsidiana com corpos de leão e cabeças de carneiro. Carter disse que esse tipo particular de esfinge é chamada de crioesfinge. [Valeu, Carter. Estávamos todos morrendo de vontade de saber um pouco de informação inútil.]
“Agh!” Khufu avisou, erguendo cinco dedos.
“Cinco minutos restantes” Carter traduziu.
“Esperem um pouco,” JD disse. “Essa sala tem os feitiços protetores mais fortes. Vou precisar modificá-los para vocês passarem.”
“Hã,” eu disse nervosamente, “mas os feitiços ainda vão evitar inimigos, como cobras gigantes do Caos, não é?”
JD me deu um olhar exasperado, do tipo que recebo com mais freqüência do que gostaria.
“Eu SEI uma coisa ou duas sobre magia protetora,” ele prometeu. “Confiem em mim.” Ele ergueu a varinha e começou oencantamento.
Carter me puxou para seu lado. “Você está bem?”
Eu devia estar com a aparência abalada depois do meu encontro com tio Vinnie.
“Estou bem,” eu disse. “Vi uma coisa lá atrás. Provavelmente só um dos truques de Apófis, mas…”
Meus olhos se moveram para o outro fim do corredor. Walt estava olhando um trono dourado em uma cápsula de vidro. Ele deu alguns passos para frente e colocou uma mão no vidro como se estivesse doente.
“Espera aí,” eu disse a Carter.
Fui para o lado de Walt. A luz da exibição banhava seu rosto, transformando suas feições em marrom avermelhado, como os morros do Egito.
“O que foi?” perguntei.
“Tutancâmon morreu nessa cadeira,” ele disse.
Olhei para a placa. Não dizia nada sobre Tut ter morrido na cadeira, mas Walt pareceu ter certeza absoluta. Talvez ele pudesse sentir a maldição da família. O rei Tut foi o tio-avô de Walt há um bilhão de anos, e o mesmo veneno genético que matou Tut aos dezenove agora estava correndo no sangue de Walt, ficando mais forte quanto mais ele praticava magia. Mesmo assim, Walt se recusava a se controlar mais. Olhando para o trono de seu ancestral, ele deve ter sentido como se estivesse lendo seu próprio obituário.
“Vamos encontrar uma cura,” prometi. “Assim que derrotarmos Apófis…”
Ele olhou para mim, e minha voz falhou. Nós dois sabíamos que nossas chances de derrotar Apófis eram mínimas. Mesmo se vencêssemos, não havia garantia de que Walt viveria o bastante para que ele celebrasse a vitória. Hoje era um dos dias ‘bons’ de Walt, e mesmo assim, eu conseguia ver a dor em seus olhos.
“Pessoal,” Carter chamou. “Estamos prontos.”
A sala após as crioesfinges era uma compilação do que faz mais sucesso de pós vida no Egito. Um Anúbis de madeira em tamanho real olhava para baixo de seu pedestal. Em cima das balanças da justiça estava um babuíno de ouro, e Khofu imediatamente começou a flertar com o objeto. Havia máscaras de faraós, mapas para o Mundo Inferior e vários vasos canópicos, que já foram recheados de órgãos de múmias.  Carter simplesmente passou por tudo isso. Ele nos reuniu em torno de um longo rolo de papiro, numa caixa de vidro na parece dos fundos.
“É atrás disso que você está?” JD franziu a testa. “O Livro para Superar Apófis? Você sabe que nem mesmo os melhores feitiços contra Apófis costumam ser eficientes.”
Carter enfiou a mão no bolso e dele tirou um pedaço de papiro chamuscado. “Isso foi tudo que conseguimos salvar em Toronto. Era uma outra cópia do mesmo pergaminho.”
JD pegou o pequeno pedaço do papiro. Não era maior que um cartão postal e estava tão carbonizado que só conseguiríamos extrair dele alguns poucos hieróglifos.
“ ‘Superando Apófis . . .’ ” ele leu. “Mas isso é um dos mais comuns detre os pergaminhos magicos. Milhares de cópias sobreviveram desde os tempos antigos.”
“Não.” Eu lutei contra vontade imediata de olhar sobre o meu ombro, para o caso de alguma serpente gigante estar ouvindo. “Apofis está atrás de uma versão em particular, escrita por esse carinha.”
Eu dei batidinhas na placa de informação próxima a exibição do item. “ ‘Atribuído ao Príncipe Khaemwaset’ ” eu li “ ‘mais conhecido como Setne’ ”
JD fez uma careta. “Esse é um nome maligno… um dos maiores magos vilanescos que já viveu.”
“É o que nós ouvimos,” Eu disse, “e Apófis só está destruindo a versão de Setne do pergaminho. Até onde eu sei, existiam somente seis cópias. Apófis já queimou cinco. Essa é a última que existe.”
JD estudou o pedaço queimado de papiro cheio de dúvidas. “Se o Apófis se ergueu do Duat, com todo o seu poder, porque ele ligaria para alguns pergaminhos? Nenhum feitiço poderia impedi-lo. Por que ele ainda não destruiu o mundo?”
Nós estávamos fazendo essa mesma pergunta há meses.
“Apófis tem medo desse pergaminho” Eu disse, esperando estar certa. “Alguma coisa nele deve reveler o segredo para derrotá-lo. Ele quer ter certeza que todas as cópias serão destruídas antes de invadir o mundo.”
“Sadie, precisamos nos apressar,” Carter disse. “O ataque pode começar a qualquer momento.”
Eu me posicionei mais perto do pergaminho. Tinha irregularmente dois metros de largura e meio metro de altura, com linhas densas de hieróglifos e ilustrações coloridas. Eu já vi vários pergaminhos como esse descrevendo maneiras de derrotar o Caos, com cânticos criados para evitar que a serpente Apófis devore o deus do sol Ra em sua jornada noturna ao Duat. Os antigos egípcios eram bem obcecados com esse assunto. Um grupo alegre, esses Egípcios.
Eu podia ler os hieróglifos – um dos meus muitos talentos fantásticos – mas o pergaminho tinha muita informação para se absorver. A primera vista, nada chamou minha atenção como algo em particular que fosse ajudar. Ali estava a mesma descrição do Rio da Noite, pelo qual o barco de sol do Ra navegava. Já estive lá, obrigada.
Havia dicas sobre como lidar com vários demônios no Duat. Encontrei com eles. Matei eles. Tenho até camisa.
“Sadie?” Carter perguntou. “Alguma coisa?”
“Não sei ainda,” Eu resmunguei. “Me dá um tempinho.”
Eu acho muito irritante que o meu irmão que gosta de livros é o mago de combate, enquanto esperam que eu seja uma grande leitora de magia. Eu mal tenho paciência para revistas, quando mais para pergaminhos mofados.
Você nunca vai entender isso, a face na parede havia avisado. Você precisará de minha ajuda.
“Nós precisamos levá-lo conosco,” Decidi. “Tenho certeza de que posso descobrir algo com um pouco mais de – ”
O prédio tremeu. Khofu berrou e pulou nos braços do babuíno de ouro.
Os pinguins de Felix andavam de um lado para o outro freneticamente.
“Esse é o som de—” JD Grissom ficou pálido. “Uma explosão lá fora. A festa!”
“É uma distração,” Carter avisou. “Apófis está tentando afastar nossas defesas do pergaminho.”
“Eles estão atacando meus amigos,” JD sdisse com uma voz falha. “Minha esposa.”
“Vai!” Eu disse. Eu encarei meu irmão. “Nós cuidamos do pergaminho. A esposa do JD está em perigo!”
JD apertou minhas mãos. “Leve o pergaminho. Boa Sorte.”
Ele correu para for a da sala.
Eu voltei minhas atenções para a área de exibição do pergaminho. “Walt, você pode abrir a caixa? Nós precisamos tirar isso daqui e rápido – ”
Uma risada maligna tomou conta da sala. Uma voz seca e pesada, profunda como uma explosão nuclear ecoou a nossa volta: “Eu acho que não, Sadie Kane.”
Minha pele parecia que estava se transformando em um frágil papiro. Eu lembrava daquela voz. Eu lembrava como era estar tão perto co Caos, como se meu sangue estivesse pegando fogo, e como se a estrutura do meu DNA estivesse desmontando.
“Eu acho que vou destruí-la com os guardiões do Ma’at,” Apófis disse. “É, isso vai ser divertido.”
Na entrada da sala, as duas crioesfinges de obsidiana se viraram. Elas bloquearam a saída, permanecendo ombro a ombro. Fogo saía de suas narinas.
Com a voz de Apófis, elas disseram em um só som: “Ninguém sai desse lugar vivo. Adeus, Sadie Kane.”



Com muito amor 
Aluada

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